"Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou, se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
e não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?
Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra."
Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins de Guimarães Peixoto Bretas, 20/08/1889 - 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.
Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os amigos e vizinhos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre - Meias confissões de Aninha.
(texto tirado do site: http://pensador.uol.com.br/autor/cora_coralina/biografia/)
Imagem Google
Olá!
ResponderExcluirobrigada por visitar e seguir meu simples blog.
lindos esses poemas, voltarei para ler todos, com certeza.
abraços!!!
Oi Sílvia!
ResponderExcluirQue delícia de poema!
Mas é verdade, não?
Beijos!
Olá Silvia, realmente, na pratica a teoria funciona de outra maneira!
ResponderExcluirSabe, li 02 vezes o texto, porque vi esta situação, mesmo que em termos diferentes, passar na minha cabeça. Pedidos feitos pelas ruas... algumas vezes descartaveis, outras, tocantes.
Beijos